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Espanha – Um resumo sobre a História da Espanha

A história da Espanha é marcada por uma rica tapeçaria de culturas, conflitos e conquistas que moldaram o país ao longo dos séculos. Desde as antigas civilizações que habitaram a Península Ibérica até a formação do poderoso império espanhol, cada capítulo dessa jornada reflete a complexidade e a diversidade cultural que caracterizam a nação. Neste post, vamos explorar os principais momentos da história da Espanha, destacando como eles influenciaram o desenvolvimento cultural e político do país. Prepare-se para uma viagem no tempo que revela as raízes e tradições que fazem da Espanha um dos destinos mais fascinantes do mundo.

Primeiras Civilizações na Península Ibérica

Antes de mais nada, acho que você deve saber que a história da Espanha começa muito antes de o país se unificar como uma nação. A Península Ibérica, onde hoje se encontram Espanha e Portugal, foi habitada por uma diversidade de povos desde a Pré-História. Por exemplo, os Íberos e os Celtas estão entre as primeiras civilizações, sendo que os primeiros se estabeleceram principalmente no leste e sudeste da península, enquanto os últimos ocuparam o noroeste. E foi, justamente, a mistura dessas duas culturas que deu origem ao povo celtibero, que habitou a região central.

No entanto, eles não foram os únicos. Ao longo do tempo, a Península Ibérica também atraiu a atenção de potências mediterrâneas, como os fenícios, gregos e cartagineses, que estabeleceram colônias por lá e influenciaram a cultura local. Contudo, foi só com a chegada dos romanos no século III a.C. que a região começou a passar por uma transformação mais significativa.

A “Hispânia” Romana

A conquista romana da Península Ibérica, conhecida como Hispânia pelos romanos, começou em 218 a.C. durante a Segunda Guerra Púnica (que eles lutaram contra os fenícios, ou púnicos). Ao longo de quase dois séculos, Roma consolidou seu controle sobre a península e ela passou a integrar o todo poderoso Império Romano. A influência romana foi profunda, trazendo o latim como língua predominante, além de uma infraestrutura sofisticada de estradas, aquedutos e cidades. A Hispânia se transformou em uma das províncias mais importantes do império, contribuindo com riquezas e soldados.

Mesmo após a queda do Império Romano do Ocidente no século V d.C., a herança romana permaneceria forte na região, particularmente na língua e no conjunto de leis. Estes aspectos formariam a base cultural das futuras nações ibéricas.

Visigodos e o Reino Visigótico

Mais tarde, com o colapso do Império Romano, a Península Ibérica foi invadida novamente, só que agora por tribos germânicas, entre elas os visigodos. No século V, os visigodos estabeleceram um reino com capital em Toledo que dominou a maior parte da península e unificou a península sob uma única autoridade cristã pela primeira vez. Além disso, o código de leis visigótico influenciaria profundamente a legislação medieval na região a partir de então.

Foi, também, neste período que os visigodos se converteram do arianismo (a doutrina criada por Ário entre 250-336 d.C., um padre cristão de Alexandria, no Egito, que afirmava que Cristo não era divino e desacreditava a Santíssima Trindade) para o catolicismo. Ou seja, isto aproximou os visigodos ainda mais da população ibérica. No entanto, este senso de unidade começaria a desmoronar no início do século VIII devido não só a divisões internas, mas, também, à invasão muçulmana.

A Invasão Muçulmana e Al-Andalus

Em 711, os exércitos muçulmanos vindos do Norte da África cruzaram o Estreito de Gibraltar e, em poucos anos, conquistaram quase toda a Península Ibérica. O domínio islâmico resultou na criação de Al-Andalus, um califado que se tornou um dos centros culturais e econômicos mais avançados da Europa medieval.

Em outras palavras, sob o domínio muçulmano, Al-Andalus floresceu em termos de ciência, arte e arquitetura, e isto deixou um legado duradouro na cultura espanhola. No entanto, a resistência cristã nas regiões montanhosas do norte da península deu início à Reconquista, um longo processo de vários séculos que culminaria na formação dos reinos cristãos ibéricos.

A Reconquista e o Surgimento dos Reinos Cristãos

A Reconquista começou logo após a invasão muçulmana, com pequenos reinos cristãos resistindo ao domínio islâmico. Ao longo dos séculos, esses reinos, como Leão, Castela, Aragão e Navarra, gradualmente expandiram seu território para o sul. Entretanto, foi a união das dinastias de Castela e Aragão em 1469, através do casamento de Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, que foi determinante para a unificação da Espanha.

Sendo assim, foi a queda do último reino muçulmano na península e, 1492, Granada, que marcou o fim da Reconquista e o início de uma nova era para a Espanha. No mesmo ano, Cristóvão Colombo, sob o patrocínio dos monarcas espanhóis, descobriu o “Novo Mundo” e abriu caminho pra era de ouro do Império Espanhol.

A Unificação e o Império Espanhol

Após a Reconquista, Isabel e Fernando, os Reis Católicos, consolidaram o poder da monarquia e unificaram os diversos territórios sob a coroa espanhola. A partir do século XVI, a Espanha emergiu como uma potência global com vastos territórios nas Américas, Europa e Ásia, que encheram os cofres espanhóis com ouro e prata das colônias.

Entretanto, essa gestão centralizada dos recursos aliada aos altos custos das guerras acabaram por enfraquecer o império. O século XVII testemunhou o seu declínio, mas é inegável que o Império Espanhol deixou sua marca na história mundial, espalhando não só a língua, como também a cultura espanhola por grande parte do planeta.

As Grandes Navegações e a Era das Colônias

A “descoberta” das Américas por Cristóvão Colombo em 1492, patrocinada pelos Reis Católicos, foi apenas o início de um período de exploração e colonização que resultaria na criação de um vasto império colonial. A Espanha colônias em grande parte das Américas, em regiões que hoje correspondem a países como México, Peru, Argentina, e muitos outros.

Este período foi marcado pela riqueza abundante trazida pelas colônias, especialmente em forma de ouro e prata, que tornou a Espanha em uma das potências mais ricas e influentes da Europa. No entanto, a administração desse vasto império não foi fácil, e as constantes guerras pra defender seus territórios na Europa e, agora, no Novo Mundo começaram a desgastar a economia espanhola.

União Ibérica

Entre 1580 e 1640, Espanha e Portugal viraram “um só” sob a coroa espanhola, em um período conhecido como a União Ibérica. Este evento ocorreu após a morte do rei português Dom Sebastião, que deixou o trono sem herdeiros diretos.

Aproveitando a deixa, Felipe II da Espanha declarou seu parentesco, ainda que longínquo, com o monarca português e simplesmente anexou o país vizinho. Contudo, essa união não foi bem recebida por muitos em Portugal e, em 1640, uma revolta liderada pela nobreza portuguesa resultou na restauração da independência de Portugal. Assim, chegava ao fim a “breve” União Ibérica.

União Ibérica - Wikimedia Commons

O Declínio do Império e a Guerra da Sucessão Espanhola

No século XVII, o poder espanhol começou a declinar, principalmente após a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648).

Batalha de Malplaquet na Guerra de Sucessão Espanhola - History Channel

O ápice desse declínio veio com a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714), após a morte de Carlos II: (adivinhem?) que não tinha um herdeiro direto. A guerra envolveu várias potências europeias, e resultou na perda de muitas posses dos espanhóis na Europa. Era o início do fim da supremacia espanhola na Europa.

Século XIX: Guerras Napoleônicas e o Período Revolucionário

O século XIX foi, também, bastante tumultuado para a Espanha. O país foi invadido pelas tropas de Napoleão, o que acabou resultando na Guerra Peninsular (1808-1814). A resistência espanhola, ainda que contasse com o apoio britânico, acabou expulsando os franceses, mas o país saiu gravemente enfraquecido.

Guerra Peninsular na Espanha - Aventuras na História

Após as Guerras Napoleônicas, a Espanha enfrentou uma série de conflitos internos e a perda gradual de suas colônias americanas, que declararam independência uma a uma ao longo do século XIX. Foi, também, neste período que aconteceram várias guerras civis e revoluções que ficariam alternando a forma de governo da Espanha entre monarquia, república e ditadura.

Século XX: Guerra Civil e Ditadura Franquista

O século XX foi marcado pela Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um conflito sangrento entre os republicanos, que defendiam um governo democrático, e os nacionalistas, liderados pelo general Francisco Franco, que acabaram vencendo a guerra. Franco estabeleceu uma ditadura que durou até sua morte em 1975. Esse período foi caracterizado pela repressão política, censura e isolamento internacional.

Guerra Civil Espanhola - A12
Quadro Guernica de Picasso - MST

CURIOSIDADE: É bem provável que você já tenha visto essa pintura em algum momento da sua vida, mas você sabia que Pablo Picasso pintou Guernica pra denunciar a destruição provocada pela guerra civil espanhola.

Após a morte de Franco, a Espanha passou por uma transição pacífica para a democracia, restabelecendo a monarquia constitucional sob o rei Juan Carlos I. Esse período de transição é conhecido como a Transição Espanhola, um exemplo de como uma nação pode passar de uma ditadura para uma democracia de forma relativamente pacífica.

A história da Espanha é uma tapeçaria rica e complexa, tecida ao longo de séculos de conquistas, conflitos e transformações. Desde as primeiras civilizações na Península Ibérica até o surgimento do Império Espanhol e os desafios do século XX, cada era deixou uma marca permanente na cultura e na identidade do país. Hoje, explorar a Espanha é uma oportunidade de vivenciar uma nação que soube preservar seu legado histórico enquanto abraça a modernidade.

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