Seja você um fã de carteirinha da história da França ou “apenas” um viajante apaixonado por conhecer lugares inesquecíveis, neste post eu vou te contar o que ver nos Jardins de Versalhes pra otimizar o seu tempo. Os jardins são mundialmente reconhecidos por serem um exemplo extraordinário de jardinagem paisagística do século XVII, quase uma “personificação” da política do absolutismo monárquico da França. Vem comigo que você vai entender como os jardins e seus nichos estão organizados, e eu vou te mostrar um pouco da sua elegância geométrica, das suas esculturas majestosas e fontes extravagantes.
Como acessar os jardins: os portões dos Jardins de Versalhes
Ainda que a principal forma de acessar os jardins acabe sendo pelo Portão do Pátio dos Príncipes, quando os visitantes saem do tour pelo Palácio, existem outras 3 entradas para eles. O esqueminha abaixo tenta mostrar pra vocês onde elas se localizam:
1- Portão do Pátio dos Príncipes: fica do lado esquerdo da entrada A do Palácio
2- Portão de Netuno: do lado direito do jardim
3 e 4 – Portão do Menagerie e Pequeno Portão de Veneza: localizadas no lado oposto do palácio, separando o Jardim e o Parque.
Como os Jardins estão organizados
De maneira geral, os jardins do palácio são formados por uma variedade de pequenos ambientes. São bosques, lagos, árvores, flores, fontes e estátuas que compõem um grande mosaico de belezas naturais e obras de arte. Todo o percurso reserva surpresas, por isso, se tiver tempo e energia, não deixe de visitar cada um dos nichos.
ATENÇÃO: Passamos “apenas” 3 horas andando pelos jardins (isso mesmo, 3 horas nos jardins, sem contar o tour pelo Palácio). Ou seja, quando eu digo que você precisa reservar 1 dia inteiro para Versalhes, eu não estou brincando…rs
DICA: Com o mapa dos jardins em mãos (seja físico ou pelo app), trace um pequeno roteiro pra tentar passar pela maior quantidade de jardins diferentes possível (ou por todos, idealmente). Acredite: um é totalmente diferente do outro!
As principais áreas dos Jardins de Versalhes: Lado Esquerdo
Fonte de Latona
Este conjunto de figuras esculpidas em mármore de Latona e seus filhos é uma das obras mais famosas de Versalhes, realizada em 1670 pelos irmãos Marsy e que dá nome à fonte onde orgulhosamente se ergue. Inspirada nas Metamorfoses de Ovídio, a Fonte de Latona ilustra a transformação dos camponeses da Lícia em anfíbios depois de terem impedido a deusa e os seus filhos, Diana e Apolo, de saciarem a sede. Contudo, a piscina e o parterre que rodeiam a fonte foram desenhados por André Le Nôtre.
Salão de Baile
Criado por André Le Nôtre entre 1680 e 1683, o Salão de Baile (também chamado de Bosque Rococó devido aos arenitos e conchas sobre os quais a água cai) já apresentou uma “ilha” de mármore em seu centro. Esta ilha serviu de palco para danças, arte em que Luís XIV se destacou.
Bosque da Rainha
A criação do Bosque da Rainha, em 1776, tinha como objetivo permitir que a Rainha Maria Antonieta tivesse um lugar para caminhar tranquilamente e, dessa forma, ficasse longe dos visitantes. O projeto original adota o estilo paisagístico popular nos jardins do século XVIII. Houve um grande esforço para aclimatar várias espécies não nativas para criar esse jardim.
Jardim Laranjal
A amplitude, a altura e as linhas puras do Orangerie, construído abaixo do Palácio, fazem dele uma das maiores obras-primas do arquiteto Jules Hardouin-Mansart. Embora o interior não esteja aberto a visitas sem um guia, vale a pena admirar o Orangerie pelo seu típico desenho de jardim formal. Além disso, de maio a outubro é possível observar mais de 1.200 caixas contendo laranjeiras, limoeiros, romãzeiras e loendros enfeitando esse local.
Bosque Girandole
Por outro lado, o Bosque Girandole, que forma par com o Bosque Dauphin, sofreu poucas modificações desde a sua criação e ainda preserva suas características originais.
Fonte de Baco
A figura mitológica romana Baco difundiu o cultivo da uva por todo o mundo. Da mesma forma, aqui na Fonte do Outono (como alguns se referem a essa fonte) o Deus do vinho e da embriaguez simboliza a colheita da uva e está rodeado de pequenos sátiros – metade crianças, metade cabra.
Fonte de Saturno
Da mesma forma, e totalmente em simetria com a Fonte da Flora, François Girardon esculpiu a Fonte de Saturno para simbolizar o inverno. Saturno está sentado em um trono no centro, cercado por cupidos, em uma ilha pontilhada de conchas.
Piscina dos Espelhos
Luís XIV encomentou a construção da Piscina dos Espelhos, por volta de 1702, em frente ao Jardim do Rei. Dois dragões de Jean Hardy emolduram a piscina de três níveis. Cinco caminhos conduzem até ela, conferindo-lhe uma aparência ainda mais impressionante quando vista de cima.
Jardim do Rei
Sob as ordens de Luís XVIII, o arquiteto Dufour criou o Jardim do Rei em 1817 seguindo, então, um estilo inglês com muitas variedades de plantas. Infelizmente, a grande tempestade de 1999 destruiu esse jardim e, atualmente, apenas a instalação original da Fonte do Espelho permanece.
Bosque da Colunata
A princípio, a construção do Bosque da Colunata começou em 1685 sob a direção de Jules Hardouin-Mansart, em substituição ao Bosque da Primavera construído por Le Nôtre em 1679. Seu nome vem do peristilo composto por 32 colunas de mármore que circundam o conjunto de figuras esculpidas do Rapto de Prosérpina de François Girardon, realizada entre 1678 e 1699.
As principais áreas dos Jardins de Versalhes: Lado Direito
Bosque dos Banhos de Apolo
A construção do atual bosque data do reinado de Luís XVI, entre 1778 e 1781. Uma grande rocha artificial, com cachoeiras e cavernas ocas, dominam a piscina central. Além disso, a obra abriga os grupos esculpidos de “Os Cavalos do Sol” de cada lado da escultura de “Apolo Servido por Ninfas”, de François Girardon e Thomas Regnaudin.
Bosque do Arco do Triunfo
Nos dias atuais, apenas uma fonte permanece neste bosque concluído entre 1679 e 1683: a França Triunfal feita em chumbo dourado pelos escultores Antoine Coysevox, Jean-Baptiste Tuby e Jacques Prou. Durante o reinado de Luís XIV, este bosque verdejante também continha um grande arco triunfal feito de metal dourado brilhando com jatos de água e cascatas.
Bosque das Três Fontes
Construído por Le Nôtre em 1677, este é o único bosque mencionado num mapa antigo como sendo “desenhado pelo rei”. Correndo paralelamente ao Passeio das Águas, está disposto em três níveis distintos ligados por cascatas. Uma restauração em 2005, recuperou, então, o desenho e os efeitos da água desejados pelo soberano: na piscina inferior, os jatos de água formam uma flor-de-lis, na do meio uma abóbada aquosa, e na piscina superior formou-se uma coluna de água. por 140 jatos de água.
Fonte de Netuno
Le Nôtre criou a Fonte de Netuno entre 1679 e 1681 e a batizou de “Lago Abaixo do Dragão” ou “Lago dos Pinheiros”. Ange-Jacques Gabriel modificou ligeiramente o desenho em 1736 e, posteriormente, em 1740, acrescentou uma decoração que glorifica o deus do mar. Finalmente, Luís XV inaugurou a nova fonte e seus 99 jatos de água.
PLUS: Além disso, aqui você também pode admirar a Fonte do Dragão, que representa um episódio da lenda apolínea. Ou seja, aqui você verá uma cena do jovem Apolo matando a serpente Píton com uma flecha. O réptil está rodeado de golfinhos e cupidos com arcos e flechas, montados em cisnes. A fonte principal atinge vinte e sete metros de altura.
Bosque do Teatro Aquático
O paisagista Louis Benech e o artista Jean-Michel Othoniel criaram uma obra de arte contemporânea permanente para Bosque do Teatro Aquático.
Bosque do Delfim
O Bosque do Delfim, também conhecido como “Os Dois Bosques” junto com o Girandole, é, portanto, um dos primeiros jardins projetados por André Le Nôtre, o que aconteceu por volta de 1660. Posteriormente, no final do século XVII, o escultor Théodon completou a série de esculturas dedicadas ao estações e deuses mitológicos.
Bosque da Estrela
Este bosque foi um dos primeiros a ser implantado por André Le Nôtre na parte norte dos jardins em 1666. Entretanto, o desenho original já não existe.
Bosque dos Domos
André Le Nôtre construiu esse bosque em 1675, enquanto Jules Hardouin-Mansart o modificou em 1677. O nome do bosque se deve a dois antigos pavilhões de mármore branco coroados por cúpulas que foram destruídos em 1820. Tem um desenho de anfiteatro com a “arena” central ocupada por uma piscina hexagonal rodeada por balaustrada e uma bacia de mármore branco no centro sustentada por golfinhos.
Bosque do Obelisco
Jules Hardouin-Mansart construiu a Fonte do Obelisco em 1704 para substituir o antigo Bosque da Câmara de Festas, ou Bosque do Conselho, criado por Le Nôtre em 1671. Uma grande piscina quadrada de dois níveis compõe a fonte, com um imponente jato de água (composto por 230 jatos de água) disparando do seu centro.
Bosque de Encélado
A Fonte de Encélado foi feita de chumbo por Gaspard Marsy entre 1675 e 1677 e foi inspirada na lenda da queda dos Gigantes da mitologia grega e romana. Punidos por tentarem escalar o Monte Olimpo para destronar os deuses, foram enterrados sob um monte de pedras, como aqui ilustra a figura de Encélado, cujo sofrimento é transmitido pelo poderoso jato de água que jorra de sua boca como um grito de dor.
Fonte de Apolo
A piscina original aqui foi ampliada durante o reinado de Luís XIV e, em 1671, decorada com a famosa escultura de chumbo dourado de Apolo em sua carruagem. A obra foi criada por Jean-Baptiste Tuby a partir de um desenho de Charles Le Brun e é inspirada na lenda do deus Sol, emblema do rei.
Enfim, gente… O que a gente conclui disso tudo? Os Jardins? São um espetáculo, uma afronta a tudo que vc já viu na vida, algo que nem em filmes eles são capazes de reproduzir com fidelidade. Esse tal de Rei Sol realmente não tinha noção do significado da palavra MODÉSTIA.
Em suma, pessoal: acho que deu pra passar uma ideia para você do quão maravilhoso, incrível e imperdível é esse lugar, né? Não importa se você seja um viajante iniciante ou um mochileiro experiente: Versalhes é sempre de tirar o fôlego! Au revoir!
Veja meus outros posts sobre a França:
França – Como funciona o transporte na França
Paris – Passes turísticos de Paris
Informações práticas sobre Versalhes
18 Curiosidades sobre Versalhes
A história do Palácio de Versalhes