A história de Portugal é marcada por conquistas épicas, navegadores corajosos e uma rica herança cultural que se reflete nas tradições e no dia a dia do país. Desde suas origens, quando não passava de um pequeno condado, até se tornar uma potência na Era dos Descobrimentos, Portugal trilhou um caminho cheio de momentos históricos fascinantes. Vou contar pra você alguns dos períodos mais relevantes que moldaram o destino deste país encantador. Vem comigo!
Povos Pré-Romanos e a Influência Romana
Antes de se tornar o país que conhecemos hoje, a região que hoje é Portugal foi habitada por uma variedade de povos chamados de “pré-romanos“, pois, evidentemente, eles vieram ANTES dos romanos. Dentre eles, estavam os lusitanos, que formavam um dos grupos celtas mais notáveis. Esses povos se estabeleceram na Península Ibérica por volta de 3 mil anos antes de Cristo, e desenvolveram uma cultura rica e diversificada. Ainda que eles vivessem em tribos, eles já eram reconhecidos por sua resiliência e resistência feroz contra invasores, especialmente contra os romanos.
Posteriormente, já no século III a.C., os romanos começaram a conquistar a Península Ibérica, e a região que hoje corresponde a Portugal foi incorporada ao Império Romano como parte da província da Lusitânia. Sob o domínio romano, a região experimentou um período de grande desenvolvimento, com a construção de cidades, estradas e aquedutos, e a introdução do latim, que influenciou profundamente a língua portuguesa. Este período também viu a disseminação do cristianismo, que se tornaria uma parte fundamental da identidade cultural de Portugal.
CURIOSIDADE: Os mais antigos fósseis conhecidos de hominídeos na Europa datam de de 1,1 a 1,2 milhões de anos e foram encontrados no norte da Península Ibérica, na serra de Atapuerca (Espanha). No entanto, em Portugal, os vestígios humanos mais antigos datam de cerca de 500-300 mil anos atrás, quando a região era habitada por neandertais.
O fóssil de uma criança foi encontrado no Vale do Lapedo em 1998, na região de Leiria. Conhecido como “Menino do Lapedo”, ou “Criança do Lapedo”, trata-se do esqueleto de uma criança com cerca de 4 anos de idade, datado de cerca de 24.500 anos.
As Invasões Bárbaras
Com o declínio do Império Romano no século V, vários povos germânicos (ou “bárbaros”, como os romanos os chamavam) invadiram a Península Ibérica, incluindo os visigodos e os suevos. Os suevos estabeleceram o primeiro reino cristão na região noroeste da Península Ibérica, que incluía partes do atual território de Portugal. Este Reino Suevo, com capital em Braga, teve uma influência duradoura na cultura e na organização territorial da região. Embora o reino tenha sido eventualmente incorporado ao Reino Visigótico, ele plantou as sementes da futura identidade nacional portuguesa.
Período Visigótico
Entretanto, a região de Portugal passou a fazer parte do Reino Visigótico depois que os visigodos incorporaram o Reino Suevo, dominando grande parte da Península Ibérica. No período entre o século VI e o início do século VIII, a estrutura social e política da região começou a se consolidar em torno da nobreza visigótica. Consequentemente, por conta da conversão dos visigodos ao cristianismo, a Igreja Católica passou a ter um papel central na vida da população. Em outras palavras, dioceses e igrejas se tornaram os centros de poder e cultura. O domínio visigótico foi relativamente estável até a invasão muçulmana em 711, quando os mouros, vindos do Norte da África, começaram a conquistar rapidamente a Península Ibérica.
A Invasão Muçulmana e a Reconquista Cristã
A chegada dos mouros trouxe uma nova era para a região, com a cultura islâmica deixando uma marca significativa na arquitetura, na agricultura e nas ciências. No entanto, a presença muçulmana também intensificou o espírito de resistência entre os cristãos do norte da Península, que começaram a se organizar em pequenos reinos pra, no futuro, retomar o controle das terras ocupadas.
Foi assim que, no século IX, surgiu o Condado Portucalense. Essa área fazia parte do Reino de Leão e atuava como uma zona de resistência contra os mouros. Inicialmente, o condado era governado por nobres leoneses, mas começou a ganhar autonomia sob o comando de Vímara Peres. Esse chefe militar se estabeleceu na cidade de Portucale (hoje, Porto) e fortaleceu as defesas contra os mouros. Este período foi crucial para o desenvolvimento do que se tornaria a identidade portuguesa e que, consequentemente, levaria à independência de Portugal.
O Papel da Igreja e as Raízes do Condado Portucalense
A Igreja Católica teve um papel crucial na fundação de Portugal, principalmente na criação de uma aliança entre a nobreza e a Igreja. Essa aliança ajudaria a fortalecer a fé cristã nas regiões ao norte do rio Douro, unindo e motivando o povo na luta contra os mouros.
Neste cenário, os mosteiros e as catedrais não serviam apenas como locais de devoção, mas, também, como centros culturais e instituições de educação, que acabariam formando a elite que lideraria o processo de independência.
Origens de Portugal: Condado Portucalense e a Fundação do Reino
A história do país que, hoje, conhecemos como Portugal começa com o, então, Condado Portucalense, que fazia parte do Reino de Leão na Península Ibérica. A região foi dada a Henrique de Borgonha pelo rei Afonso VI de Leão como recompensa por sua ajuda na luta contra os mouros. Seu filho, D. Afonso Henriques, desafiou a soberania de Leão e se proclamou o primeiro rei de Portugal em 1139, após a vitória na Batalha de Ourique. Com o Tratado de Zamora em 1143, Portugal se torna um reino independente, dando início a uma nação que logo expandiria suas fronteiras.
CURIOSIDADE: Segundo uma lenda enraizada na cultura portuguesa, antes da Batalha de Ourique, que teria ocorrido em 25 de julho de 1139, D. Afonso Henriques rezava em seu acampamento quando teve uma visão divina. Nessa visão, Jesus Cristo teria aparecido a ele e prometeu a vitória sobre os mouros. Inspirado por essa visão, D. Afonso Henriques liderou suas tropas com coragem e conseguiu uma vitória decisiva contra um exército muçulmano muito superior em número. Ele enfrentou não um, mas 5 reis mouros, de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja. Após a batalha, os nobres que o acompanhavam aclamaram D. Afonso Henriques como rei, o que marcou simbolicamente a fundação do Reino de Portugal. Conforme reza a lenda, D. Afonso Henriques decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de Cristo, carregadas com as trinta moedas de Judas.
A Influência das Cruzadas e a Ordem dos Templários
Durante a época das Cruzadas, que se estendeu do final do século XI ao século XIII, Portugal se “contaminou”, por assim dizer, pela mobilização cristã na Europa que tinha como objetivo reconquistar os territórios sagrados na Terra Santa (então, Palestina). Embora Portugal não tenha participado diretamente das cruzadas, o espírito da época influenciou a região, intensificando o fervor religioso e as alianças com outros reinos cristãos.
A Ordem dos Templários, uma das mais conhecidas ordens militares religiosas da Idade Média, teve uma presença notável em Portugal. Fundada no início do século XII, a ordem desempenhou um papel crucial na Reconquista da Península Ibérica e na defesa do território contra os mouros. Os templários estabeleceram várias propriedades e fortificações no país, e sua influência está em diversas construções históricas, como castelos e igrejas.
A Ordem dos Templários também contribuiu para a formação de uma estrutura militar e administrativa que ajudou a consolidar o poder do nascente Reino de Portugal. Após a dissolução da ordem no início do século XIV (e sua perseguição), a Ordem de Cristo incorporou seus bens e tradições, e continuou a desempenhar um papel significativo na exploração e colonização dos novos territórios.
A Expansão e a Reconquista
Nos séculos seguintes, os reis portugueses focaram na expansão territorial e na Reconquista, lutando para expulsar os mouros do sul da Península Ibérica. Essa fase culminou com a conquista de Faro em 1249, completando a formação do território português continental. Este período consolidou o poder da monarquia e estabeleceu as bases para o que se tornaria a era de ouro do país: a Era dos “Descobrimentos”.
A Era dos “Descobrimentos”
A partir do século XV, Portugal emergiu como uma potência marítima. Sob a liderança de figuras como o Infante D. Henrique, conhecido como o Navegador, os portugueses começaram a explorar novos territórios no “além-mar”. Este período marcou o início da Era dos “Descobrimentos” (ou seria melhor dizer era das colonizações?), onde navegadores portugueses, como Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, estabeleceram rotas comerciais para a Índia, África e Brasil. Ou seja, começava a era de Portugal como um vasto império colonial, o que o tornou um dos países mais ricos e influentes da época.
CURIOSIDADE: “Domingo, 8 de março de 1500, Lisboa. Terminada a missa campal, o rei d. Manuel I sobe ao altar, montado no cais da Torre de Belém, toma a bandeira da Ordem de Cristo e a entrega a Pedro Álvares Cabral. comandante não possuía a menor experiência como navegador. Cabral só estava no comando da esquadra porque era cavaleiro da Ordem de Cristo e, como tal, tinha duas missões: criar uma feitoria na Índia e, no caminho, tomar posse de uma terra já conhecida, o Brasil. A presença de Cabral à frente do empreendimento era indispensável, porque só a Ordem de Cristo, uma companhia religiosa-militar autônoma do Estado e herdeira da misteriosa Ordem dos Templários, tinha autorização papal para ocupar – tal como nas cruzadas – os territórios tomados dos infiéis (no caso brasileiro, os nativos destas terras)”. Você pode ler essa matéria completa no site da revista Superinteressante.
União Ibérica e a Restauração da Independência
No final do século XVI, o país enfrentou uma crise dinástica, quando o rei de Portugal d. Sebastião morreu sem deixar herdeiros, pelo menos, não herdeiros portugueses. Ou seja, o trono ficou vago e o rei da Espanha, Filipe II, foi rapidinho em se aproveitar do momento e alegar ter parentesco (distante) com o rei português. Ele invadiu e anexou Portugal à Espanha, simples assim!
Isso resultou na União Ibérica, que foi como ficou conhecido o período que Portugal foi governado pelos reis da Espanha de 1580 a 1640. Durante esses 60 anos, Portugal perdeu grande parte de sua autonomia, e o império começou a declinar. Em 1640, o país restaurou sua independência com a Revolução de Dezembro, e D. João IV foi coroado rei, inaugurando a dinastia de Bragança.
CURIOSIDADE: A Holanda era parceira de Portugal no comércio do açúcar. Enquanto os portugueses plantavam a cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil, os holandeses recebiam a cana, refinavam o açúcar e o comercializavam na Europa. Com a União Ibérica, o acordo comercial entre Holanda e Portugal acabou. Os holandeses entraram em guerra com os espanhóis por conta disso e, então, decidiram invadir o Nordeste brasileiro para manter o comércio do açúcar.
CURIOSIDADE 2: Outra consequência da União Ibérica foi a expansão territorial no Brasil. Com a união das Coroas portuguesa e espanhola, o Tratado de Tordesilhas, que era a linha divisória entre os domínios de Portugal e Espanha na América, permitiu que os colonos avançassem para o sertão brasileiro em busca de metais preciosos.
O Século XIX: Guerras, Revoluções e a República
Resumindo, o século XIX foi um período turbulento na história de Portugal. A invasão napoleônica em 1808 levou o rei D. João VI e a corte a se refugiarem no Brasil, que se tornou, então, a sede do Império Português. Entretanto, assim que a corte retorna a Lisboa, em 1822, o Brasil declara sua independência, marcando o fim de uma era pra Portugal. Por outro lado, agora que estavam “de volta em casa”, o país se viu abalado por guerras civis e lutas pelo poder entre liberais e absolutistas. O resultado foi a Revolução de 1910, que derrubou a monarquia e proclamou a Primeira República Portuguesa.
O Estado Novo e a Revolução dos Cravos
No entanto, a Primeira República testemunhou instabilidade política e econômica, levando ao golpe de 1926 que instaurou uma ditadura militar. Em 1933, António de Oliveira Salazar estabeleceu o Estado Novo, um regime autoritário que durou até 1974. Esse período foi se caracterizou pela repressão política e pela censura, mas também por um esforço de manter o império colonial, especialmente na África. A Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, pôs fim ao regime e iniciou o processo de descolonização, levando Portugal à democracia que conhecemos hoje.
A história de Portugal é rica e diversa, com capítulos que vão desde o nascimento de um pequeno reino até a construção de um império global. Cada período histórico deixou marcas profundas na cultura, nas tradições e na identidade do país. Visitar Portugal é mergulhar em séculos de histórias fascinantes, desde as muralhas dos castelos medievais até os monumentos que celebram as grandes navegações. Um destino que, além de suas belezas naturais, oferece uma viagem ao passado em cada esquina.
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