Para entender a história do Palácio de Versalhes, temos que voltar para o início do século XVII, quando o jovem delfim (futuro rei Luís XIII) se encantou por essas florestas enquanto praticava suas caçadas rotineiras. Anos mais tarde, essa simples casa de caça se tornaria o epicentro da corte francesa sob o reinado do extravagante Rei Sol, Luís XIV. O complexo não inclui apenas o imponente palácio, mas também os magnificamente elaborados jardins e parques, cada um com sua própria história fascinante.
A história do Palácio de Versalhes
A história da propriedade de Versalhes remonta ao início do século XVII, quando o jovem delphin (denominação dos futuros reis da França) Luís XIII conheceu a região enquanto caçava. Ele se encantou pela enorme floresta que ocupava essa área e nunca se esqueceu dela. Anos mais tarde, após adquirir todas aquelas terras, ele ordenou a construção de uma casa de caça na, então, Floresta de Versalhes. A obra se estendeu até 1634 e deu origem ao que hoje é o Palácio de Versalhes. A floresta seguiu no seu entorno, como se estivesse guardando o palácio.
Dando sequência à paixão de seu pai pela região, o rei Luís XIV, que ficou famoso como o Rei Sol, cuidou de ampliar aquela simples construção, fazendo dela uma obra-prima. Aqui, ele instalaria a corte francesa e todo o seu governo no ano de 1682. Desde então, e até o início da Revolução Francesa, diferentes monarcas ocuparam o trono do Palácio e continuaram aprimorando a estratura do lugar.
Abandono e Recuperação de Versalhes
Com a morte de Luís XIV, a corte deixou Versalhes rumo a Paris. A propriedade passou por um período de abandono e, posteriormente, por uma reforma e ampliação pelas mãos do sucessor Luís XV, que investiu em Versalhes até a sua morte, em 1774. Já sob posse do sucessor do trono, no final do século XVIII, o Palácio foi palco de um dos maiores eventos já realizados na França: o casamento do rei Luís XVI com Maria Antonieta.
A era Maria Antonieta
Foi durante este período que Maria Antonieta recebeu de presente do rei o Petit Trianon, o palácio próximo à sede principal de Versalhes. Sem terem uma noção real sobre a situação social e econômica da França (ou sem demonstrarem se importar com isso), Luís XVI e Maria Antonieta viviam uma vida de luxo e extravagâncias.
Pois muito bem: diante dos gastos excessivos da corte, eles foram expulsos do Palácio em outubro de 1789, sob intensos protestos populares, para serem guilhotinados em Paris, na Praça da Concórdia, alguns anos depois.
Primeiro Império e Museu Francês
No início do século XIX, após o período mais turbulento da Revolução Francesa e a Queda da Bastilha, o Palácio de Versalhes ficou sob a tutela do Primeiro Império, sob comando de Napoleão Bonaparte, que viveu no Grand Trianon. Já o edifício principal passou a desempenhar um papel análogo ao do Palácio dos Inválidos, uma espécie de quartel general, recebendo soldados feridos da guerra.
Foi somente em 1830, com a ascensão de Luís Filipe I, o “Rei dos Franceses”, que Versalhes retomou o seu caráter Real, e passou a sediar o museu dedicado a todas as glórias da França.
A história por trás dos famosos Jardins de Versalhes
O projeto dos Jardins de Versalhes começou em 1661, quando Luís XIV incumbiu o paisagista André Le Nôtre de redesenhar os jardins existentes do palácio. Le Nôtre era conhecido por seu trabalho em design de jardins formais, e sua visão para os Jardins de Versalhes era grandiosa..e bastante simétrica!
Em 1661, começaram as obras para a criação dos Jardins de Versalhes, que só terminariam 40 anos depois. A construção dos jardins foi um trabalho muito difícil, já que bosques e áreas pantanosas cercavam o terreno, o que demandou a ajuda de milhares de homens para conseguirem transportar terra e todo tipo de árvores para lá.
Expansão dos Jardins de Versalhes
Durante os anos seguintes, os Jardins se expandiram significativamente, mas sempre respeitando o layout geométrico estabelecido por Le Nôtre, com parterres (canteiros de flores), fontes, canais e esculturas ornamentadas. O objetivo dos jardins era representar uma extensão do palácio, uma tradução visual do poder e da grandeza do rei.
Os arquitetos instalaram muitas das famosas esculturas e fontes dos Jardins de Versalhes no período entre 1670 e 1687. Eram esculturas representando os principais deuses mitológicos, ou mesmo personagens históricos. Além disso, eles incorporaram muitos temas clássicos ao projeto, criando um ambiente rico em simbolismo.
Frequentemente usados para entretenimento, os eventos nos Jardins serviam não apenas como formas de lazer, mas também como maneiras de consolidar o poder e a influência do rei. No entanto, após a morte de Luís XIV, os Jardins vivenciaram períodos de negligência seguidos por fases de renovação ao longo dos séculos XVIII e XIX. Contudo, durante a Revolução Francesa, os jardins sofreram sérios danos. A sua restauração ficou sob a liderança de Napoleão Bonaparte e dos governantes que o sucederam.
Hoje, os Jardins de Versalhes são uma das atrações turísticas mais populares na França (e, por que não dizer, do mundo)! O nível de preservação deles é algo indescritível, além dos constantes esforços de restauração, claro, o que permite que visitantes desfrutem da beleza e grandiosidade dos jardins históricos.
A história por trás do Parque de Versalhes: a floresta
Toda a história da propriedade de Versalhes remonta a paixão do jovem delfim Luís, que se tornaria o Rei Luís XIII, pela Floresta de Versalhes enquanto praticava suas caçadas no início do século XVII. Ele só “sossegou” quando conseguir adquirir essa vasta área e começar seu ambicioso projeto na região. Entretando, foi somente sob o governo de Luís XIV, o Rei Sol, que as construções na propriedade de Versalhes realmente “decolaram”.
Grand Trianon
O Rei Luís XIV ordenou a construção do palácio do Grand Trianon no final do século XVII no coração da floresta de Versalhes, que se tornaria o Parque de Versalhes. O arquiteto Jules Hardouin-Mansart projetou o edifício e concluiu as obras em 1687. Luís XIV queria um lugar longe da corte principal, ainda que a uma distância pequena, onde pudesse escapar das formalidades e das pressões da vida no Palácio de Versalhes.
Ele usou o Grand Trianon para encontros mais privados, longe da pompa e circunstância da corte principal, e até para manter as suas favoritas (entenda: amantes, como a Madame de Montespan). É, talvez, o conjunto arquitetônico mais requintado encontrado na propriedade real de Versalhes. Outros monarcas franceses também se aproveitaram desse palácio “discreto” ao longo dos anos.
Petit Trianon
Contudo, em 1758, o então rei Luís XV decidiu construir um novo palácio no meio dos seus jardins, no qual já trabalhava há cerca de dez anos. Ele encarregou Ange-Jacques Gabriel, que ocupava o posto de primeiro arquiteto do rei, de construir um pavilhão grande o suficiente para ele e alguns de sua comitiva morarem. Com o Petit Trianon, Gabriel produziu um projeto para o movimento neoclássico: um exemplo perfeito do ‘ estilo grego” que estava estourando na Europa naquela época.
As obras do Petit Trianon finalizaram em 1768. Foi aqui, em abril de 1774, que Luís XV sentiu os primeiros sintomas da varíola, que o levaria à morte poucos dias depois e iniciaria o reinado de Luís XVI e Maria Antonieta.
O novo rei Luís XVI deu o Petit Trianon de presente à sua esposa, que rapidamente o tornou seu e ordenou uma ampla reformulação das áreas externas. Os jardins botânicos de Luís XV foram logo substituídos por um jardim anglo-oriental, mais de acordo com a moda da época e que Maria Antonieta constantemente acrescentava e embelezava.
A Quinta da Rainha
A reconfiguração dos jardins do Trianon por Maria Antonieta se divide em duas fases distintas. A primeira, iniciada em 1777, corresponde à criação dos Jardins Ingleses. Posteriormente, em 1783, ela encarregou Richard Mique de ampliar os jardins para norte e construir uma “quinta” em torno de um lago artificial. As obras começaram no verão de 1783 e se concluíram em 1786.
A Quinta da Rainha (Le Hameau de la Reine) não se prende a nenhum estilo arquitetônico em particular. Ao combinar várias influências da arquitetura rural, ele consegue criar um sentido de coerência estética. As casas ficam na margem leste do lago, e o ideal é que você admire a sua distribuição do outro lado da água.
Mito x Realidade
Ao contrário da imagem enraizada de uma Maria Antonieta fútil e “consumista”, a rainha e a sua comitiva não “brincavam de ser agricultores” aqui. Na verdade, a rainha usava a quinta como local para passeios relaxantes ou para sediar pequenos eventos. Além disso, a rainha insistiu em criar uma quinta que funcionasse de verdade para usá-la na educação dos seus herdeiros reais.
Renovação da Quinta da Rainha
Durante a Revolução, o Hamlet passou por momentos bastante difíceis. Sem muita preocupação com a longevidade, eles projetaram as estruturas de forma improvisada, o que explica o dano sofrido ao longo dos anos pelas casas. Napoleão ordenou uma restauração completa entre 1810 e 1812, mas ao fazê-lo demoliu as estruturas mais dilapidadas, incluindo o celeiro e a leiteria em funcionamento.
A quinta, que desapareceu quase totalmente ao longo do século XIX, foi reconstruída em 2006. Atualmente, abriga uma variedade de animais cuidados pela Fundação para o Bem-Estar Animal.
A propriedade de Versalhes é mais do que um simples conjunto de edifícios e jardins. Esse local é um testemunho vivo da história francesa, refletindo as aspirações, os excessos e as revoluções que moldaram o país. Hoje, preservado como um dos mais importantes patrimônios mundiais, Versalhes permanece uma celebração da arte, da história e da cultura francesa.
Veja meus outros posts sobre a França:
França – Como funciona o transporte na França
Paris – Passes turísticos de Paris